Beatriz Soares dos Anjos
Caroline Soares Leite

Nascido em 1946, no Paraná, Elifas Andreato realizou trabalhos como programador visual de teatro, assistente de cenografia, diretor de arte e capista de discos de vinil, sendo capista a profissão que lhe rendeu mais popularidade e possibilidade de contato com renomados artistas da MPB. Entre suas produções artísticas, o livro "Manual para encenar A canção dos Direitos da Criança" foi produzido em parceria com Toquinho, em 1999, compondo uma obra infantil na qual as músicas de Toquinho acompanham o decorrer da história.

O livro tem início com a história do Avoar Passos Dias, um garoto sonhador que foi esquecendo do que é ser criança, até que embarca em uma aventura, na busca de um tesouro desconhecido. Nessa aventura, recebe ajuda de seus brinquedos, que são caracterizados por serem alegorias das emoções do Avoar e ganham vida através da imaginação do garoto.

A história inicial está em formato ilustrado, com frases curtas e simples, de modo que só é possível se aprofundar no contexto dessa história ao ler o roteiro teatral nas páginas seguintes. É nesse roteiro que temos contato com as músicas do Toquinho e com o âmbito dos direitos da criança, o foco a ser retratado. Além disso, o roteiro permite reflexões acerca de assuntos como a vaidade, a ganância, o alcoolismo, o autoritarismo, o cuidado com o planeta e a importância do brincar. 

A organização do livro compõe-se de cinco etapas: 

1) A apresentação dos direitos sob perspectivas de autoridades públicas no assunto e da perspectiva do autor, o qual apresenta os motivos que inspiraram tal criação; 

2) Apresentação dos personagens; 

3) Contação da história; 

4) Roteiro para encenação de uma peça teatral e musical; 

5) Manual para montar objetos presentes na história. 

E mais, no final do livro, há um CD com 22 faixas cantadas por Toquinho, cujas canções estão presentes no roteiro e conversam com a proposta de conhecer os direitos da criança.Levando em consideração a estrutura do livro, o público-alvo é bem variado. Enquanto existe uma demanda de crianças com idade mais elevada para encenar a peça (algo a partir dos 12 anos, dependendo da capacidade de abstração da criança, pois alguns personagens exigem maior complexidade), o público que irá assistir pode ser de idade menor. O teatro será apresentado não só como uma atividade lúdica de entretenimento, mas - através do brincar - valores e direitos poderão ser assimilados pelo público que assiste (e por aquelas crianças que encenam). 

Mesmo para as crianças menores, que possuem dificuldades em separar o concreto do imaginário, o contato inicial com a pauta dos direitos pode ser uma atividade bem-vinda e ter bons resultados, de modo que a criança poderá entender - a partir de uma maneira simples e divertida - alguns direitos importantes, como o respeito à diversidade, o direito ao cuidado, entender que não é normal sofrer violência, e demais pautas levantadas pela história.

Os temas abordados são demasiadamente interessantes e merecem atenção e debate. Recomendamos a leitura do livro e a reflexão sobre os direitos das crianças, para que a consciência seja criada desde cedo e que tais informações sejam passadas. A abordagem lúdica informativa do livro é muito acessível, com o ponto super positivo de ser acompanhado por um CD com as canções. Vale a pena conhecer mais essa obra que deu super certo, na parceria de Elifas Andreato e Toquinho.

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