Fernanda Cristina da Silva
Rafaela Camargo

Com 17 páginas bem ilustradas com imagens que mostram contato físico, a autora traz um assunto de extrema relevância neste livro. A obra explicita a diferença entre os tipos de contato físico e a não obrigatoriedade de ter tal contato com todas as pessoas e situações, ou seja, frisando a importância do "não" e do espaço pessoal.Muitas vezes, obrigamos as crianças a darem "beijinho" nos familiares, abraçar desconhecidos, como se isso demonstrasse educação ou mesmo simpatia, sendo que nós adultos não fazemos isso com todos. O contato físico limita-se a pessoas próximas e em momentos que nos sentimos confortáveis para tal; colocar as crianças nessa situação pode causar desconforto e tirar o controle que ela tem sobre seu corpo - corpo esse que já é vulnerável e, muitas vezes, visto como um corpo sem direitos.

Esse livro é recomendado para crianças acima dos 6 anos de idade. O livro é indicado tanto para escolas, tendo orientações para professores, quanto para ler em casa, trazendo orientações para os pais e responsáveis. Traz, por exemplo, algumas orientações interessantes para os adultos sobre o que fazer antes da leitura (como encontrar um local apropriado) e durante (como algumas perguntas que trazem o tema para o cotidiano da criança), além de apontar ainda o "nível" de leitura que a criança necessita para ler sozinha, se quiser. Foi classificado como nível 3, pois possui frases maiores, vocabulário mais amplo e uma história mais complexa, sendo mais indicado para crianças que são confiantes quanto à leitura.

A temática do livro se faz importante a longo prazo. Winnicott, pediatra e teórico da psicanálise, reforça como o contato físico é fundamental para a criança compreender o amor; porém, se ela demonstra desconforto, precisamos nos atentar a isso e sermos facilitadores dessa interação, mostrando que podemos negar uma demonstração de afeto e continuarmos a gostar dessa pessoa."Você é dono do seu corpo" aborda inclusive a questão do abuso sexual, ensinando onde ficam as partes íntimas e que estas não devem ser tocadas e que nenhum toque que deva ser mantido em segredo é bom. A autora utiliza linguagem amigável e agradável, fazendo dessa uma leitura imprescindível. 

O livro traz mais questões importantes, como: confiar em seus responsáveis, sabendo que seus sentimentos são levados em conta; a importância de saber nomear as partes íntimas; expor toques indesejados, os quais muitas vezes se iniciam com cócegas ou mesmo algum toque "comum"; e a empoderar as crianças sobre o que elas gostam, para que o adulto seja sempre um facilitador das relações, identificando com facilidade aquilo que a incomoda e mediando, se for necessário. O corpo da criança pertence a ela e é importante saber que ela pode rejeitar toques - por mais inocentes que sejam.

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